NOITE FORA DO EIXO 05/04

Texto Coletivo Ounão
fotos: Michelle Parron
Depois de um cheio de trabalho, correria e trânsito “normal”, a Rua Augusta é sempre uma boa companheira para desengarrafar as ideias e dar uma nova direção nas intenções. A chegada à frente do Studio SP é sempre repleta de rostos que se confundem entre conhecidos e outros nem tanto, mas que sempre parecem familiares. Uma pausa antes da entrada para uma dose de cachaça no boteco da frente para aliviar a tensão, e depois entrar para a noite mais plural que São Paulo tem recebido nos últimos meses.
Dessa vez, foi a invasão do Pará que chega à capital paulistana, mas não estamos falando de Calipso e coisas do gênero. E sim de propostas que mostram a tamanha diversidade que esse país possui e que merece cada vez mais ganhar espaços para sua apresentação/apreciação.
Ao adentrar o recinto, uma música com características rítmicas, bem diferentes ao que o público do Studio SP está habituado, toca a todo volume. O DJ Patrick Tor4, com misturas inteligentes e complementos sonoros de toda espécie, prenunciava o que iria acontecer nessa Noite Fora do Eixo, que deixou muita gente despreparada com o corpo dolorido, logo mais saberás por quê!
O primeiro a subir ao palco foi o Pio Lobato (Belém-PA) que mostrou porque é conhecido por transpor fronteiras, até mesmo imaginarias, quando mistura ao som da guitarra elementos regionais dos mais variados. Pra quem não tá ligado, a guitarrada é um estilo musical guiado por uma guitarra solista, é basicamente uma música instrumental que se popularizou no estado do Pará, mistura choro, carimbó, cumbia e um pouco das características da Jovem Guarda. Parece muito – para quem lembra – com a lambada, mas numa versão instrumental.
Pio Lobato não se prende e mistura elementos percussivos eletrônicos, dá um peso a mais na guitarra o que promove ambientações diferentes dentro da proposta da Guitarrada. A partir dai estava tudo dominado, uma legião de pessoas foi adentrando a pista pouco a pouco, até ela ficar tomada, pronta para uma sucessão, que meu irmão, foi Massa!
Enquanto o Patrick Tor4 mandava ver no som, deu pra colher algumas infos com as pessoas. Todos estavam ansiosos pela próxima apresentação. Acredito que os estrangeiros que estavam presentes e perguntavam curiosos que som era aquele e o que tinha ainda pra acontecer, vão levar pra suas terras impressões bem diversificadas do que pode ser a música brasileira.
Outro destaque para a galera do audiovisual, que a todo o momento lança nos telões, imagens sobrepostas promovendo interferências interessantes. Os VJ´s estão mandando bem na proposta de promover interferências para recriar conceitos visuais. Enquanto conversava com as pessoas para colher mais informações sobre o que estavam achando da noite, a Gang do Eletro invade o palco com toda energia das Aparelhagens e uma alegria sem igual.
Não demorou meia música para a pista do Studio SP se tornar um salão. As pessoas dançaram ao som, bem pra cima, da Gang. Destaque para a cantora Keyla Gentil que com uma voz potente, swing e sensualidade soltava notas bem altas e alguns vibratos nos finais de frase. O palco virou uma festa. Dj Waldo Squash – que também cantou uma música – mandava uma atrás da outra, enquanto Mederito seu companheiro desde o inicio do grupo, acompanhado por William provocam o público que respondia muitíssimo bem.
Quando menos se espera a Gang do Eletro convida a cantora e compositora Gaby Amarantos para subir ao palco para uma participação. Com uma leve demora a subir ao palco, Gaby aparece vestida com um Colam e botas negras. O que, tenho certeza, mais chamou atenção foi o adereço de cabeça em forma de “chifres dourados retorcidos”, que ela exoticamente carregava, bem como o copo cheio de luzinhas que gentilmente uma pessoa da platéia fez questão de encher com alguma bebida. Ela, elegantemente, não dispensou.
Gaby Amarantos faz jus aos elogios que fazem sobre sua voz grave e potente, bem como sua presença de palco energética e simpática, que botou o Stúdio SP pra suar com os ritmos frenéticos e totalmente dançantes. A noite termina com participações especiais de Daniel Peixoto que segundo a própria cantora é apreciador e divulgador da cultura paraense. A Gang do Eletro também subiu ao palco para a última música, mas nada mais pode comprovar que a fusão Studio SP e Circuito Fora do Eixo provoca mudanças de comportamento que a invasão do público no palco e contou junto com os músicos e fechou muitíssimo bem a Noite Fora do Eixo!

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